Nas páginas do grande “livro” das rochas, abertas na paisagem terrestre, encontramos muitas perguntas e muitas respostas. Por exemplo:
Você sabia que a terra já perdeu sua atmosfera no começo da sua história?
Você sabia que a atmosfera terrestre há 2 bilhões de anos era irrespirável?
Você sabia que a atual atmosfera devemos às plantas?
E,…. você sabia que o Homem está infernando a vida sobre o planeta?
Pois bem, vejamos o problema desde o início da formação da Terra. Assunto esse, sem dúvida, palpitante e fascinante!
Há cerca de quatro e meio bilhões de anos, no início do sistema solar, quando a Terra era ainda uma massa fundida, sua atmosfera era completamente diferente da atual. Esta atmosfera irrespirável pelos seres vivos que conhecemos tanto do passado como do presente, foi varrida no espaço num acidente cósmico. A Terra ficou então sem atmosfera!
Como sabemos isso?
Sabemos, pelo simples fato de que o atual conteúdo relativo de gases nobres da atmosfera não está de acordo com aquele presente na mistura de gases cósmicos.
O que significa isso?
Qual a importância desse fato no problema ambiental?
A atmosfera atual foi desenvolvida e grandemente modificada após o desaparecimento do primitivo envoltório gasoso da terra.
Tanto a nossa atmosfera como a hidrosfera formaram-se inteiramente às expensas do próprio planeta. Todos os elementos ou compostos
que as constituem provieram do material fundido do interior da crosta terrestre.
Durante a solidificação da crosta primitiva, grandes quantidades de gases desprenderam-se da superfície semifundida. Enormes quantidades de gases diversos e de vapor de água foram injetados na atmosfera pelos intensos fenômenos vulcânicos de então.
Nessa atmosfera primitiva, rica em gás carbônico e pobre em oxigênio não existia possibilidade alguma para o desenvolvimento da vida atual. Entretanto, há cerca de dois bilhões de anos apareceram plantas capazes de sobreviver na presença do oxigênio por elas próprio produzido, através do processo de fotossíntese.
Assim sendo, as plantas contribuíram decisivamente para modificar a composição da atmosfera, tornando-a progressivamente mais rica em oxigênio. O conteúdo de gás carbônico passou a diminuir gradativamente, fazendo com que o ambiente ficasse cada vez menos poluído.
O que aconteceu com o gás carbônico?
Os vegetais com sua capacidade de fotossíntese promoveram a decomposição do gás carbônico (CO2) ficando o carbono nas plantas e desprendendo oxigênio. O conjunto das atividades biológicas dos seres vivos retinha nos organismos grandes quantidades de compostos de carbono. Com a morte dos vegetais ou animais e com seu subsequente enterramento nas bacias sedimentares, grande parte do carbono C02 atmosférico deu origem às enormes quantidades de rochas calcárias (somente na região ao Norte de Curitiba temos bilhões e bilhões de tonelada: delas), aos depósitos de carvão e as jazidas de petróleo, entre outros muitos materiais de origem orgânica.
Desde um passado geológico remoto, o desenvolvimento cada vez maior da vida segue o aumento progressivo do teor de oxigênio na atmosfera. De toda a história da vida sobre a terra é na época geológica atual (Holoceno), que ela é máxima!
E tudo isso porque?
Simplesmente porque no Holoceno as florestas atingiram seu máximo desenvolvimento.
Sejamos pois, gratos às plantas e às florestas. Elas possibilitaram a vida animal e a nossa vida sobre a terra.
Com a vida vegetal altamente perturbada pelo Homem e, com a enorme poluição atual, a quantidade relativa de oxigênio está diminuindo rapidamente, ficando a atmosfera sujeita a um envenenamento progressivo com gás carbônico e com outros poluentes.
Todo carbono retirado do C02 atmosférico durante milhões e milhões de anos, enterrado no subsolo como carvão ou petróleo, passou a ser queimado intensivamente nas últimas décadas pelo sistema tecnológico moderno e, retransformado em enormes quantidades de gás carbônico.
O aumento do teor de gás carbônico na atmosfera se está se tornando alarmante produzindo o chamado “efeito estufa”. Efeito este, que não constitui novidade para nós, uma vez, que com ele já nos preocupávamos em 1.978, em publicação cientifica.
Traria isso problemas ao ambiente?
O que vemos atualmente?
O aumento do teor de gás carbônico na atmosfera e o concomitante “efeito estufa” é altamente preocupante.
A poluição dos oceanos já reduziu em •••••
de 30% a vida nos mares, diminuindo dessa forma o “efeito tampão” do ambiente marinho, isto é, reduzindo consideravelmente sua capacidade natural de absorção do gás carbônico atmosférico.
Ainda mais…
É muito grave o corte indiscriminado das florestas e da vegetação arbustiva que também contribuem para redução do teor de gás carbônico no ar. As florestas quando em estágio “clímax” mantém um equilíbrio entre absorção do CO2 e produção de oxigênio. Entretanto, quando em expansão elas são muito efetivas no processo, sendo mesmas designadas de verdadeiros pulmões verdes!
A prática das queimadas na área rural, além de poluir a atmosfera traz uma perda considerável dos nutrientes minerais dos solos. O alerta dado pelos técnicos alienigenos, a propósito do “efeito estufa” parece até agora não ter sensibilizado governo algum no mundo e muito menos o nosso.
No caso das queimadas, temos possibilidades de controlar todo território brasileiro através das imagens de satélites. Entretanto, necessitamos de dispositivo legal concreto para coibilas e responsabilizar os proprietários pelos danos causados ao país.
O problema das queimadas não chega a impressionar nem as autoridades e nem os proprietários do terreno. Ninguém atina com a seriedade do problema. Não obstante, um hectare de campo sujo, produz quando queimado cerca de uma tonelada de cinzas, as quais contém 140kg de óxido de potássio e | 10kg de anidrido fosfórico.
Tudo isto é levado pela primeira enchurrada que atinge o solo desprotegido! (Segue).
(João José Bigarella, geólogo, professor da UFPR e presidente da ADEA)
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