Assim no Brasil, bem como em outros países de desenvolvimento precário, contribui-se de forma importante para poluição atmosférica e como se isto não bastasse, contribui-se para o empobrecimento cada vez maior do solo agrícola, produtor de alimentos! Dessa forma, contribui-se não apenas para a degradação do meio ambiente, como também para a deterioração das condições socioeconômicas, que marginalizam grande parcela da comunidade.
Voltemos à atmosfera …
O que preocupa o Homem em relação ao futuro?
Duas grandes cousas deixam os cientistas e os homens mais esclarecidos muito preocupados. Uma diz respeito aos arsenais atômicos montados pelo países ditos desenvolvidos e, pretensamente, líderes do mundo! Líderes de que? Certamente, sem dúvida, de muitas coisas positivas. Entretanto líderes também de capacidade de destruir própria humanidade.
Nas sagradas escrituras encontramos uma passagem que refere que o mundo será destruído pelo fogo. Pois bem, este dia parece não estar longe. Basta alguém inadvertidamente apertar um botão para decretar extinção da maior parte da fauna bem como do assim chamado Homo sapiens que se considera obra-••••• da criação divina!
Em face desta conjuntura perigosa, podemos quase que maldizer o dia em que foi descoberta radioatividade. Apesar desta descoberta ter trazido grandes benefícios à humanidade, ela ao mesmo tempo tornou-se
um poderosíssimo instrumento brutal de destruição, que coloca em perigo a sobrevivência do próprio homem! Lamentavelmente, o avanço do conhecimento científico transforma-se numa faca de dois gumes, por um lado beneficiando o homem e por outro lado aprimorando os meios de destruição e morte!
Fala-se na defesa do mundo livre, como também fala-se na defesa do mundo antagônico. Porém, na realidade, trata-se da luta de interesses econômicos e políticos, na qual são desprezados os direitos do homem, entre eles aqueles de viver em harmonia com o ambiente natural!
Se quiseres ser respeitado respeite as plantas, os animais e o próximo!
Se por ventura ocorrer uma catástrofe nuclear no hemisfério norte, o efeito coriolis restringe em grande parte a radioatividade a este hemisfério.
Entretanto, temos que considerar que ocorre miscigenação na interface dos dois grandes padrões de circulação atmosférica.
Dessa forma, dentro de certo tempo, o hemisfério sul também ficaria poluído com material radioativo, proveniente de uma eventual guerra nuclear.
Aliás essa miscigenação talvez, seja mais rápida do que se possa imaginar. É sabido, por exemplo, que na Amazônia penetra grande quantidade de ar proveniente do anticiclone do Atlântico Norte, também chamado dos Açores. Esta penetração de ar úmido, pelos ventos alíseos de nordeste, origina chuvas na região.
Se por ventura houver poluição
radioativa no hemisfério norte, as chuvas trazidas para Amazonia pelos aliseos de nordeste certamente seriam radioativas. Por outro lado, a depressão barométrica do Chaco atrairá as nuvens radioativas e produziria generosas chuvas radioativas sobre Mato Grosso do Sul, Goiás, S. Paulo, Paraná e Santa Catarina. Não devemos esquecer. que massas de ar úmido procedentes da Amazonia freqüentemente atingem região de Curitiba!
Devemos evitar a todo custo que nosso hemisfério seja “nuclearizado” Devemos dizer não à pretensão norteamericana de transformar a ilha de Trindade numa base militar, trazendo para o Brasil problema atômico que tanto preocupa os europeus.
É perfeitamente conhecido o perigo da poluição radioativa da atmosfera, por sinal a mais grave e letal de todas!
Nunca d’antes animal algum conseguiu causar tantos danos a natureza. Precisou surgir o Homem para que isto pudesse acontecer.
Por mais pessimistas que possamos ser, dizemos: “Não a Trindade” que elas continuam brasileiras e que não tenhamos que ser Nação cada vez mais submissa aos interesses alienigenas!
Outra grande preocupação para com o futuro imediato é o progressivo incremento do teor de gás carbônico atmosférico. Seus efeitos físicos são bem conhecidos e mesmo previsíveis. Um deles, diz respeito ao aumento de temperatura média global. Este efeito altamente prejudicial à Holanda, talvez seja benéfico para o Brasil
tornando o Nordeste brasileiro mais úmido, em troca de algumas áreas costeiras inundadas. Se num futuro próximo ainda existir a floresta amazônica ela se expandirá até encontrar a floresta leste brasileira, agora inexistente.
Isto já aconteceu, por causas naturais, cerca de seis mil anos atrás durante o Ótimo Climático. Nesta época o nível da baia de Paranaguá situava-se a cerca de 2m acima do atual e, assim, sua extensão era muito maior do que a hodierna. Nestes últimos seis mil anos, assoreamento da baia foi considerável, principalmente entre 2.400 e 2.700 anos atrás, quando ocorreram secas pronunciadas que prejudicaram a distribuição das florestas da Serra do Mar, favorecendo a erosão intensiva dos solos. Tratava-se então de um fenômeno natural. A melhoria posterior das condições climáticas possibilitou o retorno das florestas. O desmatamento da Serra do Mar, que já foi iniciado, causará à baia de Paranaguá danos semelhantes aos que ocorreram de forma natural no passado geológico.
Além do “efeito estufa” há a considerar quais seriam as conseqüências na saúde pública. Até poucas décadas atrás, não se percebia uma modificação apreciável na composição da atmosfera. Hoje ela é alarmante!
Suas conseqüências, começam a ser sentidas. Não se pode ainda avaliar a amplitude dos prejuízos futuros. Urge pois, que nos conscientizemos da necessidade de proteger a biosfera e o ecossistema, dos quais depende a nossa sobrevivência.
(João José Bigarella, geólogo, professor da UFPR e presidente da ADEA).
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