Acreditamos no poder da educação.
Quando bem dirigida e e objetiva faz com que a sociedade participe consciente e construtivamente no desenvolvimento de um país. Ela apresenta múltiplos aspectos. A ADEA preocupou-se com alguns deles, principalmente daqueles referentes à educação ambiental.
Esta entidade partiu do principio de que o ensino de ciências naturais em nossas escolas deixa muito a desejar. Decidiu então montar um museu ecológico, embora modesto, porém de porte razoavel para atender as escolas da Região Metropolitana de Curitiba.
O museu ecológico Prof. J.N. Cabral de Carvalho foi construído com enormes sacrifícios pela ADEA, na Reserva Biológica Cambui, dentro do Parque Regional do Iguaçu. Possui uma área coberta de cerca de 750 m2 com 11 salas de exposições, auditório e instalações de pesquisa. Destina-se fundamentalmente ao ensino prático de ciências naturais para os alunos de l.° e 2.
graus. Visa também despertar nos jovens interesse pela conservação da natureza e pelo uso racional dos recursos naturais, enfatizando os aspectos ecológicos ambientais.
O museu é franqueado ao público e aos escolares, livre de cobrança de qualquer taxa. A ADEA pretende dessa forma promover ao máximo o aprendizado das
ciências do ambiente. Os donativos feitos à esta entidade podem ser deduzidos do Imposto de Renda. Apesar disso tem havido pouco interesse da comunidade ou das firmas •• colaborar com os trabalhos de educação da juventude.
Cerca de 40% de suas instalações já foram construídas pela ADEA apesar das enormes dificuldades financeiras e de um passivo elevado. Toda receita (mensalidades e doações) foi integralmente aplicada na construção do Museu. Os principais recursos provieram dos sócios mantenedores, entre eles várias firmas e alguns órgãos do Governo, como: COPEL, SANEPAR, PARANATUR, Banco do Estado do Paraná, Banestado Reflorestadora entre outros.
Com a mudança do governo muitos sócios cooperadores e mantenedores deixaram de contribuir para manutenção do museu, que no primeiro semestre recebeu mensalmente 1.500 estudantes, embora tenha capacidade de atender até 12.000 alunos por mês.
Esta casa de ensino de ciências naturais é uma das poucas no genero a transmitir ensinamentos básicos de ecologia e amor à natureza.
Sua operação ainda em carater experimental tem mostrado grandes possibilidades no campo da didádita.
Apesar destas possibilidades e da importância do Museu Ecológico na educação
da juventude, ele foi duplamente penalizado. De um lado foram dispensados colaboradores pagos pelo Estado através de convênios assinados. Por outro lado, o não pagamento das contribuições por parte de muitos associados colaboradores e mantenedores, principalmente por parte do Banco do Estado do Paraná, do Bamerindus e da Banestado Reflorestadora, colocou o museu em situação extremamente critica, agravada grandemente pela enchente de julho passado que o tornou também um flagelado com grandes prejuízos. A receita atual não está sendo mais suficiente para o pagamento das contas de luz e água, bem como das despesas mínimas de manutenção.
Em virtude da falta de recursos museu foi fechado às escolas e à visitação pública logo após enchente. Era intenção da ADEA reabri-lo tão logo a situação financeira o permitisse. Esta entidade assinou vários convênios de obrigações reciprocas com o Governo do Estado. Num deles, o Museu foi formalmente colocado à disposição da rede estadual de ensino, em troca de recursos para manutenção e ampliação das instalações educacionais.
Os recursos não foram liberados em tempo habil fazendo com que as atividades didáticas do segundo semestre do corrente ano sofressem solução de continuidade. Situação esta agora contornada pela colaboração financeira prestada pela Secretaria da Educação, a qual a ADEA agradece sensibilizada.
A grande maioria das escolas secundárias da região de Curitiba não possuem instalações adequadas ao ensino de ciências naturais. Este fato, deve-se principalmente à enorme dificuldade da montagem de um museu didático com coleções apropriadas, muitas vezes extremamente dispendiosas.
A ADEA possui um acervo material valioso, em grande parte já exposto e em parte aguardando a ampliação do museu para sua exposição.
O acervo do museu é oferecido pela ADEA ao uso comunitário, principalmente do ponto de vista didático e eventualmente como atração turística. Esta oferta vem ao encontro da melhoria do ensino por parte dos estabelecimentos tanto oficiais como particulares, que têm livre acesso ao Museu e à Reserva Biológica Cambui.
A ADEA faz um apelo à comunidade, às empresas e ao governo para colaborarem na educação da juventude amparando esta casa de ensino, ora fadada à desativação ou transferência para outro Estado. Toda contribuição à ADEA – Associação de Defesa e Educação Ambiental (Bamerindus conta 37084-10) é dedutível do Impôsto de Renda.
O melhor conhecimento do meio ambiente e de seus aspectos ecológicos, certamente contribuirá para que tenhamos melhores condições de qualidade de vida!
(João José Bigarella, geólogo, professor da UFPR e presidente da ADEA)
Gazeta do Povo, 29/9/83
Comentar